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Manchete

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UM PATRIMÔNIO DA INFORMAÇÃO

50 aos 2000, revista “Manchete” imprimiu sua marca ao jornalismo Publicação da Bloch Editores disputou mercado com “O Cruzeiro” e vendeu milhões de exemplares com edição a do Papa João Paulo II, em 1980.

Os Estados Unidos tinha a “Time” e a França, a “Paris Match”. No Brasil, Adolpho Bloch, dono da Bloch Editores, resolveu lançar a revista “Manchete” em 26 de abril de 1952, que se tornaria o título de maior sucesso de sua editora. Um ótimo slogan - “Aconteceu, virou manchete” - precedeu o lançamento e acompanhou por décadas a revista que chegou a ter tiragem de milhões de exemplares nos anos 80.

O primeiro número trouxe na capa a bailarina do Teatro Municipal Inês Litowski, ao lado de uma carruagem, com a informação: “ela queria viver nesse tempo”, com texto de David Nasser.

No alto, no canto direito, uma chamada para a reportagem de Jean Manzon sobre “a verdadeira vida amorosa de Ingrid Bergman”, a premiada atriz sueca considerada uma das maiores estrelas de Hollywood na época. O primeiro número da “Manchete”, que trazia também o desastre de carro que matou o cantor Francisco Alves, o Chico Viola, ídolo nacional, se esgotou em poucas horas.

Décadas antes de a primeira edição da revista chegar às bancas, a família Bloch deixou a Ucrânia pós-revolução russa, morou na Itália por poucos meses e atravessou o Atlântico até o Rio de Janeiro, em 1922. Gráficos conhecidos em seu país de origem, onde trabalharam imprimindo dinheiro para o governo provisório (1917) de Alexander Kerensky, os Bloch aqui se instalaram com seu ofício. Quando a “Manchete” passou a circular, a reputação gráfica da família já era conhecida.

Essencialmente carioca, numa época em que o Rio era capital do Brasil e irradiava notícias e cultura para o país, a “Manchete”, com foco no fotojornalismo, chegou ao mercado das revistas semanais ilustradas com qualidade gráfica superior à da sua principal concorrente, “O Cruzeiro”, lançada em 1928 e que no auge tinha tiragem de 700 mil exemplares semanais.

A nova publicação passou a atrair anunciantes interessados em divulgar seus produtos em cores, quando a recém-inaugurada televisão veiculava imagens em preto e branco.

A revista contava com colunistas de peso, como Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e Fernando Sabino, além de manter repórteres e fotógrafos em várias cidades do país, contribuindo para que conquistasse projeção nacional. “Manchete” acompanhou a construção de Brasília, com publicações especiais, e a edição histórica da inauguração da nova capital, de 21 de abril de 1960, teve tiragem de 760 mil exemplares, esgotados em 48 horas, segundo Lúcia Lippi Oliveira em artigo para o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas.

A maior tiragem de “Manchete” aconteceria em junho de 1980, com a visita do Papa João Paulo II ao Brasil: mais de 3 milhões de exemplares, segundo a editora, e 2,5 milhões, de acordo com artigo publicado no site da biblioteca da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo.

O crescimento da revista possibilitou que a editora deixasse a sede na Rua Frei Caneca, no Centro, para um edifício de frente para o mar, projetado por Oscar Niemeyer, na Rua do Russell, na Glória, onde também funcionou a TV Manchete, inaugurada em 5 de junho de 1983, com o programa “O mundo mágico”. A emissora provocou grande impacto em seus primeiros anos, com uma programação que incluiu a transmissão, pela primeira vez, dos desfiles das escolas de samba no então recém-inaugurado Sambódromo, no carnaval de 1984. Emplacou sucessos como as novelas “Dona Beja” (1986), estrelada por Maitê Proença, e “Pantanal” (1990), com direção de Jaime Monjardim e Roberto Naar, cuja audiência bateu em 40 pontos, à frente de “Rainha da Sucata”, da Rede Globo. A novela, que permaneceu no ar até 10 de maio de 1999, inovou com suas sequências longas de belíssimas paisagens. A emissora, que lançou ainda Xuxa Meneghel e Angélica como apresentadoras de programas infantis.

A Bloch Editores inaugurou ainda um parque gráfico de 60 mil metros quadrados em Parada de Lucas, no Rio, onde funcionava a Escola Joseph Bloch, integrada ao sistema escolar do estado. No início da década de 70, o grupo empregava 2,5 mil pessoas, tendo dobrado esse número nos anos 80.

Do parque gráfico saíam mais de uma dúzia de títulos que marcaram o jornalismo brasileiro, como “Geográfica Universal”, “Pais & Filhos”, “Ele & Ela”, “Sétimo Céu”, “Amiga” e “Desfile”, além de coleções, quadrinhos, livros didáticos e cartilhas para o Mobral, programa de alfabetização lançado durante a ditadura. Na sede da Glória foi inaugurado o Teatro Manchete (hoje, Adolpho Bloch), que se transformou em referência de grandes espetáculos, com a exibição de clássicos como “O homem de la mancha”, “Pippin”, “A morte do caixeiro viajante” e “O pagador de promessas”.

As coberturas de carnaval, publicadas em edições especiais, garantiam recordes de tiragem à revista, que se esgotava em poucas horas, com fotos de fantasias premiadas, flagrantes de celebridades e desfiles das escolas de samba. A paixão de Adolpho Bloch pela maior festa popular do mundo levou o empresário até a gravar a marchinha “Rainha de Sabá”, em parceria com Carlos Heitor Cony.

Com a falência do Grupo Bloch Editores, em 2000, a revista “Manchete” deixou de circular. A ultima edição, de número 2.519, foi lançada em 26 de julho de 2000 e trazia o ator Reynaldo Gianechinni na capa. Segundo o site da ECA, houve ainda a produção da revista 2.520, que trazia Rubens Barrichello comemorando sua primeira vitória na Fórmula-1, mas como a redação foi lacrada pelos oficiais de Justiça, a edição ficou nos computadores, sem jamais ser impressa.

Posteriormente, ela foi comprada pelo empresário Marcos Dvoskin e relançada em 2002 com o nome “Manchete Editora”, sem periodicidade fixa e apenas com edições especiais. Conforme edição do GLOBO de 16/11/2008, o livro “Os irmãos Karamabloch”, do jornalista Arnaldo Bloch, colunista do jornal, além de narrar a história íntima da família, conta a saga do império de comunicações.

Oito anos após a Justiça ter decretado a falência do grupo, antigos colaboradores das revistas Bloch lançaram o livro “Aconteceu na Manchete - As histórias que ninguém contou”.

OLHOS

A maior tiragem de “Manchete” aconteceria em junho de 1980, com a visita do Papa João Paulo II ao Brasil: mais de 3 milhões de exemplares, segundo a editora, e 2,5 milhões, de acordo com artigo publicado no site da biblioteca da Escola de Comunicação e Artes (ECA).

As coberturas de carnaval, publicadas em edições especiais, garantiam recordes de tiragem à revista, que se esgotava em poucas horas.

Segundo o site da ECA, houve ainda a produção da revista 2.520, que trazia Rubens Barrichello comemorando sua primeira vitória na Fórmula-1, mas como a redação foi lacrada pelos oficiais de Justiça, a edição ficou sem jamais ser impressa.

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